É doloroso assistir,
atualmente, na civilização das massas, à angústia que sofrem os jovens com a
destruição de seus autênticos valores.
Por ignorarem a própria
estrutura, deixam-se fascinar, com facilidade, pelas aparências. Condenam a
mediocridade principalmente nos pais; têm o estado mórbido da grandeza, mas não
se aguentam nas alturas;
ostentam auto-suficiência, mas precisam do apoio dos
adultos; refugiam-se no sonho e procuram prazeres que despertem fortes
sensações. Com tal procedimento, embolam as nobres qualidades do espírito.
Toda pessoa possui, por
uma tendência natural, a noção do valor. Essa noção, porém, é, muitas vezes,
deturpada por ser uma conseqüência da vida que leva cada indivíduo.
O interesse por uma
necessidade profunda é o que se chama valor, quer se trate de ideia ou
realização, objeto ou pessoa.
Conhecer as vantagens e
os perigos que encerra o valor, ter capacidade de escolher pela exigência superior
ou pelo contentamento de um capricho é a grande luta entre o valor positivo e o
negativo, é a grande luta em que se debatem os jovens. Gostam exageradamente da
música, da dança, do espetáculo e do esporte, mas desperdiçam não só o tempo
como o dinheiro e a saúde. Não se conformam com a hipocrisia dos outros, mas
mentem, dissimulam e são infiéis aos compromissos.
— Será possível assentar
um plano de vida com tais reações?
Selecionar os valores
positivos depois de ter conhecimento do verdadeiro significado da vida,
torna-se difícil para os adolescentes, visto o estado de anarquia em que se
encontra a sociedade.
Cumpre aos educadores,
pais e mestres, a penosa tarefa de orientá-los, explicar-lhes que força e
matéria são os elementos componentes de todo o indivíduo; que a força é o
espírito e a matéria, corpo; que é necessário que haja um entrosamento entre os
valores espirituais e os materiais para que a vida transcorra equilibrada.
Digam-lhes que os valores espirituais se referem ao bem, ao belo, à perfeição,
aos ideais; os materiais, aos hábitos e aos lazeres. Façam-nos entender que a
vida de cada um é decorrente da direção que dá aos valores positivos ou
negativos. Procurem ensinar-lhes que todo indivíduo é uma partícula do Grande
Foco — Vida do Universo — e, por isso, devem regular a vida numa escala
ascendente de valores para atingir a perfeição.
Partindo desses princípios,
não mais viverão os jovens às tontas e compreenderão para que nasceram e por que
sofrem, sentirão que é melhor o esforço que o vale-tudo.
Dos valores materiais, o
dinheiro é o mais subvertido. O modo por que são providos os filhos, de
brinquedos, guloseimas, roupas, material escolar e diversões bem mostra a
mentalidade errada em relação ao emprego do dinheiro.
Vendo-se satisfeitos em
todos os caprichos, não encontrando sanções para seus estragos ou perdas, só
poderão os filhos tornar-se esbanjadores. Se é triste ver tanta mocinha pobre
gastar vultosas quantias com os bailes de formatura, mais triste ainda é ouvir
estas palavras, quando alguém lhe pergunta se o pai pode gastar tanto: — “O
problema é dele!”
Arrepia ver a influência que exercem os crediários, tão
sedutores no ato da compra, mas implacáveis na cobrança.
Torna-se necessária
uma vivência de economia para dar valor ao dinheiro. Devem os filhos ter
conhecimento dos esforços empregados na manutenção do lar. Uma boa conversa
sobre as horas diárias que o pai gasta no trabalho, a economia feita pela mãe,
quando procura, com rara habilidade, executar um trabalho que seria bem pago a
um estranho, tudo isso terá ótimo efeito.
O trabalho remunerado num
ofício, durante as férias, será um bom remédio para curar o esbanjamento juvenil.
Merecer o que se pede
deve ser a grande preocupação dos pais a fim de despertar nos filhos o sentido
do valor.
A noção do bom emprego do
tempo é outro valor somente conquistado à custa de um treinamento esclarecedor.
O grande alcance está no ajudar a agir a fim de pôr um anteparo à angústia do
tédio. Despertar na família as alegrias da realização, o valor da
responsabilidade, vale mais que supervisionar, hora por hora, o emprego do
tempo.
É, principalmente, na
adolescência que a honestidade apura-se ou deteriora-se, pois a conduta depende
das influências do meio em que se vive.
Cumpre realizar uma
educação específica, não só no lar, mas também através da convivência em
sociedade.
Falsos valores
Por Olga Brandão de
Almeida
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