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O progresso da humanidade
está em crescente marcha. Exige, porém, para que haja, no mundo, um perfeito
equilíbrio, o conhecimento do ser humano como força e matéria. Somente esse
conhecimento será capaz de fazer compreender e dirigir a vida.
A prova disso é um
constante desvirtuamento do caráter e uma alarmante delinquência juvenil.
Os adultos, anêmicos de
espiritualidade, tornam-se imaturos e impossibilitados de guiar a infância e
adolescência.
Mas o menor precisa de
uma educação que vise além da inteligência e formação profissional a
personalidade.
Tal educação se
conseguirá mediante um clima favorável em que a autodisciplina aliada à
autocrítica consiga uma verdadeira lapidação. Compreende-se que o clima não
consiste somente no ar que se respira, mas também nos pensamentos da comunidade
em relação aos componentes de cada grupo.
Tanto a criança como o
adolescente não podem ser abandonados aos próprios impulsos.
A adolescência é a fase
das contradições e vacilações e por isso deve ser vigiada e orientada.
Aos pais e educadores
cabe a grande responsabilidade de formar um ambiente capaz de influir na
personalidade total do educando.
A mãe, principalmente, é
que deve tomar a si a maior parcela dessa tarefa tão delicada quanto complexa.
Por estar grande parte do
tempo em contato com o filho, pode conhecer-lhe as boas e más tendências.
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Permanentemente
vigilante, com um comportamento sereno e esperançoso do que é útil e válido,
com uma vida ordenada, contagiará não só os filhos como todos os componentes da
família.
A atmosfera em que vive o
adolescente é fundamental, por isso tanto pode pervertê-lo como educá-lo.
A juventude, embora
rebelde, é também dotada de grande plasticidade e aceita qualquer comando,
desde que seja significativo, desde que não a deforme, se a visão do passado
for fracionária.
Abandonada aos próprios
impulsos, entregue às pressões desvairadas do ambiente social, pode
transformar-se no pior dos animais; mal dirigida, utilizará a atividade para os
piores objetivos.
Atravessa-se a era da
família cujo encargo será o de canalizar e conservar os sentimentos generosos,
insistindo nos bons exemplos.
Sem sentimentos de dever,
dignidade, trabalho e justiça jamais os pais poderão despertar nos filhos o
desejo de aperfeiçoamento progressivo.
A indisciplina é o
reflexo de carência ao estímulo de honestidade.
É salutar a influência
dos pais que compreendem o valor de se fazerem amados para conseguir uma
aceitação interior. A moralidade dos pais é uma grande força de segurança no
equilíbrio dos filhos, pois a puberdade e a juventude são fases em que o
contágio é evidente.
Urge que a família assuma
uma atitude constante em face da vida, da profissão e do mundo; que seja o
centro irradiador do esforço educativo no sentido abusivo da força.
Mas para atingir tão
elevado nível moral, é preciso conhecer a psicologia do adolescente e criar
vivências honestas capazes de elucidá-lo.
É um erro atribuir à
adolescência todos os direitos e aos pais e educadores todos os deveres.
Moral é coisa que se
recebe no início da vida para desenvolver mais tarde por iniciativa própria.
Não resta a menor dúvida
de que a educação se firma na individualidade do educando, mas isso não
significa que o educador se submeta aos caprichos da criança ou do adolescente
que lhe cabe orientar.
Muitas das restrições
sentimentais e humanitárias ditadas pela Biologia, Higiene e outras ciências
afins em relação às crises da puberdade põem a Pedagogia em apuros, sem saber
como fixar a disciplina.
Mas é evidente que o
sentimentalismo conduz a graves erros.
A atitude educativa da
família se tornará mais eficiente quando se diferenciar o sentido das palavras
domesticação e educação. Por meio daquela, o indivíduo apenas aprende a ser governado;
por meio desta, consegue governar-se.
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Educar é dar provas de
firmeza e coragem, ter hábitos de trabalho e esforço, resistência ao
sofrimento.
Saber sofrer é dar provas
de boa educação, é compreender o valor do sofrimento como lapidação do moral.
Conseguir tirar dos
fracassos e fraquezas uma lição para o futuro é gravar no livro da vida a mais
bela página: é saber tirar das ruínas elementos para a construção de um rico
edifício que se chama Moral.
O problema é educação
Por Olga Brandão Cordeiro
de Almeida
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