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Enquanto os olhos
estiverem fixados somente nas dificuldades e falhas, não haverá solução para um
problema que oriente a juventude tão necessitada de amparo.
Melhor será que os mais
velhos não se perturbem com as situações inquietantes e coloquem o pensamento
acima das aparências que cegam.
— o —
Os adolescentes
experimentam nas amizades um bem-estar que não se esgota. Encontram, nas
relações que escolhem fora do círculo familiar, um encanto irresistível. E
formam um mundo à parte que estabelece afinidades marcantes. As reações
igualam-se: conversam, têm os mesmos gostos, lêem os mesmos livros, riem,
dançam e cantam juntos. Usam de um vocabulário próprio; chegam a entender-se
por meias palavras, verdadeiro código de gíria que revela a confusão da própria
personalidade.
Quem se dispuser a olhá-los
com serenidade, pondo de lado o estado emocional, verá que a alegria que os
envolve quando encontram novas relações é tão grande que chega a assemelhar-se
à de um cientista que consegue uma descoberta.
Muito cuidado devem ter,
portanto, os responsáveis com as companhias dos adolescentes. As amizades de
hoje criam neles raízes profundas, que vão influenciá-los futuramente,
redundando num bem ou num mal. Muito discernimento com as amizades que só
desejam receber, mas não sabem dar o mínimo sequer; com as gozadoras, cuja
única preocupação é a exaltação do prazer; com as frívolas, verdadeiras falenas
a esvoaçar doidamente, atraídas pela chama dos prazeres que as destruirá e sem
pressentir o desencanto e sofrimento que provocam.
Tais relações têm um
traço comum: o desejo de gozar, a coragem para a indisciplina e todas as
audácias, revoltas surdas ou declaradas contra os deveres familiares, desvios
de consciência: “Se todos acham bom, eu também vou achar”.
Há, em tudo isso, um
verdadeiro relaxamento da vida moral, capaz de cortar as asas do entusiasmo
para uma tomada de atitude, capaz de anular qualquer esforço para sair da
mediocridade.
Os defeitos psicológicos
são verdadeiras doenças que devem ser evitadas como qualquer moléstia.
O mundo interior dos
adolescentes ainda não está bem conhecido.
Por serem ávidos de amor,
formam, com as pessoas que julgam amigas, forte corrente com elos de confiança.
E, embora não o percebam, deixam entrar profundamente tudo que vem por
intermédio delas.
Sendo extremamente
impressionáveis, sofrem a influência da leitura mais que os adultos. Romances,
contos e novelas que contenham ensinamentos da vida humana lhes serão úteis.
Nos gestos e nas
atitudes, nas frases que deixam escapar, fazem transparecer a necessidade de
mães que procuram orientar-se, para orientá-los, que sabem corrigir-se, para
corrigi-los; mas também de pais, que sabem ser enérgicos, sem ser autoritários.
Algo de bom não poderá
sair de uma comunidade de jovens em que só há trocas de vulgaridades. Não é
para descuidar-se, mas para amadurecer que a juventude tem inspiração de
ultrapassar.
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Nada mais belo na vida do
adolescente que uma pessoa amiga que lhe ofereça a mão para subir; que lhe
dirija um olhar que ampara, um sorriso que encoraja, traçando ambos belos
planos para o futuro.
Uma amizade assim é
preciso escolher, embora seja difícil encontrar, porque depende de merecer
conquistá-la.
Duas gerações
Por Olga Brandão Cordeiro
de Almeida
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