A educação não seria tarefa tão
espinhosa, se pais e filhos fossem esclarecidos.
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“Faça-se a luz” é lei universal, e ela
surge seguindo seu destino. Observe-se a luz, que se esbate nas plantas fazendo
ressurgir do verde o ar vivificante; a que reveste a casa, para conservar a
vida; a que bate no coradouro, restituindo a brancura primitiva; mas, procure-se
atrair e compreender a luz que envolve as criaturas e lhes dá os bons
pensamentos. Essa é pouco conhecida por não ser deste mundo.
Educação também é luz que ilumina a mão
que tira das trevas o ser humano, sacode-o e ensina-lhe a andar com as próprias
forças.
Pais esclarecidos devem compreender que
os filhos, inconscientemente, os tomam por modelos, mas, conscientemente,
identificam-se a eles, quando se comprazem da boa orientação.
“Faça o que eu disser, e não o que eu
fizer” é fórmula negativa de educar. Que deformação de caráter encerra esta
frase tão ouvida: “Estude meu filho, para agradar a seus pais”. Com raciocínio,
a forma seria outra: “Estude, meu filho, para seu próprio bem”.
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Se a família é uma instituição, deve ter
um regulamento que representa não o desejo pessoal, mas a formulação de
direitos e deveres.
A vida humana está sujeita a duas influências:
a hereditariedade e o meio ambiente, mas para suplantá-los existe a força da
personalidade.
A hereditariedade influi apenas nas
inclinações e a prova disso é o comportamento de certos filhos. Não são poucos
os casos em que filhos e pais desajustados são criaturas perfeitamente equilibradas.
Ninguém herda vícios. Esses aparecem quando o indivíduo se põe em contato com o
mundo exterior.
Outro fator de muita importância no campo
educacional é o grau de espiritualidade de cada membro da família. Observe-se
que, entre os familiares, não são tão fracos nem tão dotados uns quanto os
outros. Mas, o corretivo é a educação que faz do educador conseguir arrancar de
cada vício o germe da virtude.
Pensando bem, tudo no Universo deve
manter-se em equilíbrio. A avareza nada mais é que a hipertrofia da economia,
assim como a desobediência pode ser, em certos casos, a afirmativa de personalidade.
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O papel dos educadores nunca será o de
anular os defeitos por meio de conflitos, nem considerá-los males incuráveis ou
congênitos. O mal não está no indivíduo, mas na maneira de educá-lo. Quando é
grande a desproporção entre o que pode produzir a criança ou o adolescente em
relação ao que se solicita, surge o espírito de oposição, o educando se
revolta, perturba-se, torna-se incapaz de compreender os sacrifícios que lhe pedem
em favor dos fins que lhe escapam. Mas, diante desse triste cenário, não
esmoreçam os pais, porque o perigo está na proliferação dos defeitos e
consequentemente no avassalamento.
A principal preocupação dos pais deve ser
o aproveitamento das possibilidades de cada filho, fazendo da casa um pequeno
mundo que anima, não desencoraja, eleva, não perverte, ampara, não abandona.
O método a seguir será o de ensinar antes
de exigir: obediência, conhecimento da verdade, o sentido do dever e do
comportamento cotidiano.
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Num mundo assim, os filhos serão felizes
porque respirarão uma atmosfera de amor, compreensão e trabalho. Não assistirão
aos tristes espetáculos dos pais a brigarem diante deles, não ganharão brinquedos
que representem destruição, nem assistirão a filmes impróprios à idade.
Mas, para tanto, é indispensável a
presença dos pais e principalmente da mãe.
Se a educação não se processar em tais
moldes, a família estará concorrendo para aumentar a legião dos que, não
sabendo lutar com as próprias forças, tornam-se suicidas, criminosos ou
mendigos.
Caminhar por si mesmo
Por Olga Brandão Cordeiro de Almeida
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