Se a finalidade da vida é o aperfeiçoamento, não devemos
adquirir complexo de inferioridade, mas desenvolver interesse pelos nossos
semelhantes, senso comum e coragem.
A vida não pode fugir às leis naturais: tudo deve manter-se em
equilíbrio, até os sentimentos. Os complexos, tanto de inferioridade como de
superioridade, índices de pessoa anormal, são a causa dos desajustamentos
sociais. Somente os ignorantes atribuem ao próximo a causa de seus males.
Também não se corrige um erro, fugindo da sociedade, mas procurando
conhecer-se.
Vida social, casamento e trabalho são, em cada indivíduo,
situações que o definem, levando-o ao fracasso ou ao sucesso. São atitudes
capazes de destruir ou criar uma existência feliz. Acham-se tão intimamente
ligados que o fracasso de uma parte acarreta o prejuízo do todo.
Sem tal esclarecimento, não é de estranhar os inúmeros
desajustamentos matrimoniais que se espalham por todos os recantos. São reflexos
do desequilíbrio em que se encontra, atualmente, a sociedade.
Sem reconhecer o direito de liberdade de outrem, jamais alguém
terá relações íntimas e duráveis.
Encontram-se, no casamento, as mesmas obrigações e dificuldades,
as mesmas alegrias e sofrimentos que surgem na vida social. É um grave erro,
portanto, considerá-lo como libertação aos deveres e sacrifícios e esperá-lo
como se fosse um paraíso onde tudo corresse conforme se deseja.
O casamento
exige, muito mais que a sociedade, identificação a outra pessoa, além de forte
simpatia. Mas essa rara simpatia não basta. O importante é que sejam bem
aceitos os deveres, tendo-se em vista sempre o interesse do outro cônjuge. Quem
nunca se ajustou socialmente, jamais se ajustará ao matrimônio.
O sentimento social deve ser incutido desde a mais tenra idade,
pois carece de tempo para desenvolver-se e não será apenas o instinto sexual
que o modificará.
Toda criança-problema tem complexo de inferioridade, qualquer
que seja o aspecto: a mentirosa não tem coragem de dizer a verdade, e a vadia,
exclui um importante dever — trabalho. Adultos cuja infância foi cercada de
mimos desajustam-se ao casamento porque vão exigir do cônjuge igual tratamento.
Essa situação poderá conservar-se durante o namoro e os primeiros anos de
núpcias. Depois, quando notam que rareiam os mimos, sentem-se incompreendidos e
fogem à realidade.
No casamento não há lugar para dominação. Quando um dos cônjuges
se julga um instrumento nas mãos do outro, retrai-se e, a partir desse momento,
termina a intimidade, a confiança e… também o amor.
A verdadeira afeição matrimonial identifica os esposos numa
reciprocidade tão perfeita, que cada um desprende de si os próprios desejos
para dedicar-se ao outro, respeitando-lhe sempre o modo de ver e sentir.
Apesar da nossa falta de preparo, o casamento poderá ser
encarado acertadamente, desde que duas pessoas reconheçam os próprios erros e,
com espírito esclarecido, procurem corrigi-los.
O demorar na escolha da profissão, o começar e não terminar um
trabalho revelam desajustamento.
O indivíduo só estará preparado para o casamento, se tiver um
emprego e nele progredir. Parecendo, à primeira vista, algo de pouca
importância, é bem significativo.
Todos são livres sob condição. Qualquer um é livre quanto à
escolha da profissão, mas somente encontrará fracasso, se lhe faltar capacidade.
Atitudes que definem
Por Olga Brandão de Almeida
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