;”>Educação não consiste apenas em boas maneiras, é algo mais amplo, mais profundo, porque envolve o desenvolvimento da vontade, os problemas da saúde física, da higiene mental, da formação moral. Olga Brandão de Almeida;

Direitos e deveres - Por Olga Brandão de Almeida

Se houvesse uma noção bem clara de direito e dever, a vida se tornaria melhor. Atualmente, todos gritam pelos direitos, mas esquecem os deveres, sem que haja uma reação para coibir tal desequilíbrio. Os desajustes, quer em sociedade ou família, resultam, quase sempre, da falta do cumprimento dos deveres ou abuso dos direitos.

Urge que se faça a criança ou o adolescente compreender que cada direito corresponde a um dever e, mais ainda, que o não cumprimento do dever implicará na perda do direito; mas esse fato não será encarado como vingança nem o direito perdido reverterá na privação de tudo que diz respeito às necessidades vitais. Isso já constitui um programa de educação cujos resultados serão satisfatórios.

Se a função da família é de assistência e proteção, não custará muito conduzir a criança de modo que ela compreenda que os direitos assegurados devem ser correspondidos com a colaboração na vida do lar.

Compete aos filhos, desde cedo, participar das tarefas domésticas e às crianças criar hábitos de trabalho, mesmo que haja em casa serviçais. O dever de trabalhar é inerente à vida humana. Por que não orientar os filhos para a realidade da vida, ministrando-se culinária às moças e reparo nas peças domésticas aos rapazes?

Vai longe o bom tempo em que se distribuíam tarefas caseiras às filhas e cada uma tinha a sua semana: a da cozinha, da arrumação. Por que esqueceram as mães esse dever tão útil quanto econômico?

Os parasitas, em sociedade, são reflexos de indivíduos que se desajustaram, porque nunca se exercitaram no trabalho, enquanto viveram sob os cuidados dos pais.

Aos quatro anos, a criança já pode executar serviços leves — o que lhe proporcionará uma segurança em si capaz de ajudá-la a vencer as primeiras dificuldades.

Pedir um auxílio, em qualquer atividade doméstica, é um direito dos pais e atender ao pedido, um dever dos filhos.

Todos os deveres, quer materiais, sociais ou espirituais, devem ser cuidados, com especial carinho, pela família. Os sociais serão abordados sempre em ocasião oportuna. “Você bateu no companheiro e, por isso, vai levar uma surra” é fórmula não só condenável como prejudicial, que não está compatível com a dignidade do educador.

Explicar, porém, à criança que ela ficará privada de brincar com o companheiro, enquanto conservar o hábito tão feio de bater nos outros, é atitude de quem, realmente, deseja educar. Tal observação será feita de modo incisivo, com tranquilidade e sem sermão. Algumas vezes, se a briga não apresentar consequências, é aconselhável fingir que nada foi percebido.
Não vivam os pais a vida das crianças. Deixem-nas no seu próprio mundo maravilhoso, cheio de alegrias e despido de preocupações, mas nem por isso as abandonem, entregando-as a seus próprios impulsos.

Direitos e deveres
Por Olga Brandão de Almeida

Fonte: Livro Caminhos Certos

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