Infelizmente ainda há muita gente que, teimando em não
reconhecer suas falhas e fraquezas, as atribui aos demais ou à natureza das
coisas. É a maneira mais cômoda de fugir às responsabilidades e encobrir os
defeitos.
Quantas vezes, ao executar mal o trabalho, a criatura
descarrega, inteiramente, a culpa em tudo que lhe vem à mente, sendo incapaz de
sentir que a deficiência está em si mesma.
A vida cotidiana apresenta os mesmos aspectos: quando alguém
pratica o mal ou faz algo errado, a ação é quase sempre projetada em qualquer
pessoa ou coisa. É tão fácil criticar os erros alheios quanto difícil enxergar
os próprios! Mas, se projetar aos demais erros e deficiências é tão comum que chega
a tornar-se um ato inconsciente, convém refletir antes de fazer qualquer julgamento.
A projeção condenada por impedir que o homem enxergue seus
próprios defeitos pode, entretanto, atingir um útil propósito desde que ele
recorra ao raciocínio para fugir ao domínio das emoções.
Um exemplo bem concreto é o do funcionário que, ao ser
advertido, vê na atitude do chefe um ato de injustiça, ao invés de reconhecer
que a falta está em si. Então, querendo provar capacidade e brio, redobra de
esforços e consegue resolver satisfatoriamente a situação. Seria pior se
perdesse o interesse pelo progresso no trabalho, o que o levaria ao fracasso.
Quando surgem desejos incompatíveis com a moral do lar, há
sempre projeção e aparecem os graves conflitos. O homem, gasto pela orgia, não
tendo coragem de enfrentar suas próprias fraquezas, reage, quase sempre, tão
erradamente, que chega a culpar a esposa de ações em que ela é inocente.
O fato, porém, de censurar aos demais seus erros e deficiências
não significa que a culpa esteja sempre com a própria pessoa. A experiência da
vida se encarrega de esclarecer o fato: quem se aproveita da projeção é
facilmente reconhecido e suas palavras e atitudes serão sempre recebidas não só
com reserva, mas também com o devido desconto.
A crítica exagerada é, de um modo geral, o efeito de uma forte
emoção, quer se trate de grandes ou pequenas questões. Mas, como as emoções
tanto podem conduzir ao mal como ao bem, devem ser evitadas.
O homem inteligente não perde tempo com críticas vazias, mas
preocupa-se somente com tudo que for construtivo. Ação vale mais que palavras.
Enxerguemos nossos erros
Por Olga Brandão de Almeida